sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Entrevista - Organoclorados, a nova cara do Rock baiano rumo ao mercado europeu

 

- Bacana demais conhecer vocês da ORGANOCLORADOS. Fomos muito bem informados sobre vocês pela MS Metal Agency Brasil. Então fica aqui os nossos parabéns pela jornada. Como vão as coisas? O que vocês têm feito ultimamente?

Que ótimo! Fico lisonjeado por suas palavras, obrigado. Aqui tudo em ordem, muito trabalho, principalmente para promover e divulgar nosso novo álbum através de diversas ações que idealizamos e corremos atrás para realizar. E já estamos planejando coisas para o futuro próximo.

- Conheci alguns álbuns de vocês, e confesso que amei o último. Este formato está nos planos novamente?

Você fez algo que realmente recomendamos que é conhecer nossa discografia até chegar ao “Dreams and Falls”. Muito legal saber que gostou. Se o formato que você se refere é o cantado em inglês, sinceramente ainda não sabemos. Depende muito de algumas condições, como por exemplo ter músicas prontas, disponibilidade de recursos para custear o projeto e termos uma avaliação final dos resultados alcançados por esse álbum.

- A letra inusitada de “Horses on the Streets” ficou excelente. De quem partiu a ideia para registrar essa música? Parabéns pelo resultado...

Eu nunca compreendi totalmente como essa letra veio até mim. Comecei a tocar os acordes na guitarra durante um ensaio, no desejo de fazer algo ao mesmo tempo dançante, sensual e psicodélico. Então as palavras começaram a fluir na minha mente, tudo em inglês, do início ao fim. As estrofes estavam em estado bruto, mas tocávamos de vez em quando nos ensaios, aprimorando os arranjos instrumentais e ela ficou guardada como uma reserva. Isso foi há vários anos.

Quando surgiu o plano de gravar músicas em inglês e começamos a selecionar quais seriam as escolhidas para a pré-produção e depois entrar em estúdio para gravar, “Horses on the Streets” foi uma das primeiras a ser lembrada por Joir (baterista). Todos aprovaram e eu fui buscar a letra para melhorar alguns pontos. Para a revisão final, contei com a importante ajuda do amigo e professor Matthew Carmo. Em verdade talvez seja a letra mais inusitada e psicodélica que já escrevi e somente depois de estudá-la algumas vezes é que comecei a perceber algum sentido nos seus versos. Eu a interpreto como uma fuga mental, uma busca pela liberdade, ainda que através da imaginação.

- “Insecurity” é autoral e bem madura em toda a sua estrutura. Como vocês a avaliam depois de tempos do seu lançamento?

Sim, autoral como todas do álbum. Foi a faixa escolhida para ser lançada como single de aquecimento mais ou menos um mês antes do lançamento do álbum, fechando a escalada. O interessante dessa música é que até pouco tempo antes de decidirmos gravar em inglês ela estava esquecida e incompleta, com uma letra escrita em português e faltando várias partes para concluir o sentido. André (baixo) insistia que a canção precisava de uma parte a mais daquela já tinha sido composta por ele e Roger (teclado). Como o refrão principal estava bem definido e não saía da minha cabeça, um dia resolvi traduzir e experimentar cantar em inglês. Essa inversão na lógica foi exatamente o que precisava para destravar a composição, pois como num passe de mágica a coisa fluiu tanto que o restante que faltava veio quase que instantaneamente, com os acordes, melodia, letra etc. tudo ao mesmo tempo.

Levei ao conhecimento de todos num ensaio e a elaboração foi tomando uma forma cada vez mais detalhada, em que implementamos várias características da nossa maneira de tocar. Tudo foi tão natural que enquanto a gente ensaiava sem saber ainda como a música deveria terminar, eu criei o solo final de guitarra de uma vez só. A melodia foi saindo da minha mente diretamente para minhas mãos, sem pensar em nada, apenas sentindo a energia percorrendo meu corpo. Olhando para trás, posso afirmar que foi um dos processos mais fascinantes de construção de uma música no qual já nos envolvemos. Acho que esse amadurecimento que você comentou tem a ver com o próprio amadurecimento da banda, inclusive também na fase de gravação em estúdio.

- Vocês já definiram a possibilidade de abraçar o latim em passagens nas letras? Acho que vocês se dariam melhor no mercado internacional, desta forma, não?

Essa pergunta revela um novo ponto de vista e ao mesmo tempo vou levar como uma sugestão de pesquisa. Confesso que nunca pensamos nessa possibilidade e me parece que bandas de heavy metal, power metal e metal gótico usam passagens ou frases em latim nas letras. Creio que pelo fato de ser uma língua antiga e histórica, o latim seja capaz de acrescentar algo de solene, místico, até mesmo religioso. Vamos colocar essa possibilidade no radar e estudar melhor esse lance do mercado internacional. Talvez o latim tenha um efeito lírico interessante para a harmonização musical, o que me agrada. Desde que faça algum sentido na letra, sem forçar a barra, e aprenda a cantar com a pronúncia correta, não vejo problema e gosto desse tipo de experiência.

- Como funciona o trabalho de produção da banda quando está em estúdio? Vocês já estão trabalhando em algo novo neste sentido?

Tudo começa com a fase de pré-produção e que não é algo assim tão organizado e rígido porque gostamos de uma certa dose aleatoriedade e fluidez natural para que as músicas amadureçam sem pressa. Temos um acervo considerável e geralmente são cerca de 20 ou 25 músicas candidatas que vamos ensaiando e aprimorando os arranjos e letras até eleger aquelas que levaremos para as gravações. Não temos recursos suficientes para custear longas sessões de estúdio e gravar versões brutas como teste. Então, o jeito sempre foi compensar com muito ensaio para chegar ao estúdio com a máxima clareza do que queríamos realizar e da concepção de cada música.

No estúdio, começamos pelas guias de bases harmônicas e voz, para definir qual o andamento de cada canção, uma vez que temos por princípio sempre gravar no metrônomo. Aliás, esse é um capítulo à parte que exige uma preparação prévia do baterista que pratica individualmente e assim não estranha a sistemática quando chega a hora de gravar. Logo em seguida, trabalhamos com a base rítmica, notadamente a bateria e, a depender dos arranjos, também os acréscimos de percussão. Daí em diante, gravamos as diversas sessões instrumentais, tantas vezes quanto forem necessárias para esgotando todas as possibilidades e extrair o máximo possível da composição. Muita coisa surge na hora, no próprio ambiente do estúdio, e aí entra a importância de manter uma porta aberta à percepção, sem fechar questão em tudo. Com as gravações dos instrumentos praticamente concluídas, vem um trabalho nos arranjos vocais em que comecei a me interessar mais e a aprender no “Saudade da Razão” (2022) e acabou sendo aprimorado ainda mais neste álbum “Dreams and Falls”.

Espero que você compreenda que não posso revelar aqui os detalhes das estratégias e técnicas que utilizamos em estúdio para chegar ao resultado sonoro final, particularmente nas guitarras e violões.

Por fim, tem a importantíssima etapa de edição e mixagem, na qual participamos ativamente, interferindo com sugestões e ideias. Desde o primeiro álbum, temos essa preferência por não deixar tudo por conta apenas da equipe técnica do estúdio. Gostamos de ter certo controle do processo de formatação porque nossa estética e identidade musical depende muito disso. Temos uma característica bastante forte que é trabalhar nuances, detalhes, variáveis, sutilezas que só nós mesmos podemos identificar e arrumar conforme o que idealizamos para cada composição. Para que isso aconteça, temos de ser incluídos nesse processo.

- Just for Today” foi uma ótima surpresa. Vocês concordam que ela pode vir a se tornar uma música obrigatória nos shows da banda?

Concordamos plenamente! Por causa desse potencial que você assinalou, “Just for Today” foi escolhida e lançada como single ainda em 2024, como parte da preparação do caminho até o álbum. É a mais nova do grupo de faixas que estão no “Dreams and Falls” e ficou pronta pouco antes de tomarmos a decisão de gravar um álbum em inglês. Também é uma daquelas originalmente compostas em inglês e sem versão em português. A canção é arrebatadora, intensa, e acho que se destaca por ter uma pegada bluesística numa modalidade incomum de compasso. Fato interessante é que, inspirado por uma passagem do livro Admirável Mundo Novo, adaptei na letra dois versos da peça Antonio e Cleopatra de William Shakespeare. Após o resultado final, hoje eu a considero uma das músicas mais elegantes da Organoclorados.

- Eu também gostei bastante da faixa “Strange Crossroads”, mas ela se difere bastante das demais. Foi algo intencional ela ter esta estrutura tão própria?

É fascinante essa sacada. A arte reafirma sua natureza quando sua expressão dialoga com a percepção e o conhecimento acumulado de quem a ela é exposto. Diversas interpretações e leituras são possíveis e é assim que se estabelece a melhor conexão entre o artista e seu público.

Essa faixa é uma versão de “Entroncamento Inusitado” que está em nosso álbum anterior “Saudade da Razão” (2022) e também já ganhou uma versão em espanhol lançada como single em 2020 sob o nome “Cruce Inusitado”. Ou seja, é uma canção autoral de uma banda brasileira de rock independente que foi gravada e lançada em três línguas!

Suspeito que a estrutura de “Strange Crossroads” seja uma consequência natural da musicalidade e do sentido da letra original em português e não foi intencional. Um dos motivos é que parte da letra tem inspiração em dois grandes poetas portugueses: Antero de Quental e Fernando Pessoa. Certamente isso foi decisivo para a estrutura harmônica da versão original, não deixando de ter influência direta quando fiz a versão para o inglês. Talvez por isso soe um pouco inusitada, ainda mais na posição em que ela foi colocada na lista do álbum, isso sim foi intencional (risos), entre duas canções originalmente escritas em inglês (“Just for Today” e “Take Me Down”).

- 2025 ainda está rolando por aí. Quais os planos da ORGANOCLORADOS para este ano vigente?

Bem, falta pouco mais de um mês e nesse momento o plano é continuar na promoção e divulgação do álbum “Dreams and Falls”, utilizando o maior número possível de ferramentas, com destaque para seu formato físico em compact disc (CD) que chegou da fábrica no mês passado. Além de estar disponível ao público para aquisição, também servirá como meio de apresentação a produtores, curadores, rádios, sites e blogs, tudo isso no Brasil e no exterior.

Neste novembro vamos lançar um single em espanhol, inaugurando um novo projeto que vem por aí e provavelmente vai trazer novidades no próximo ano.

Seremos uma das bandas do Tour Rock Bahia Festival, um grande evento de bandas de rock autoral que será realizado em Salvador. Para fechar o ano, faremos um show especial em Alagoinhas.

Ressalto que em 2025 a Organoclorados completou 40 anos de uma jornada incrível e toda a nossa movimentação tem essa marca como pano de fundo principal.

- Parabéns novamente pelo trabalho de vocês, caras. Existiu algum assunto importante que não foi citado aqui?

Obrigado e também parabenizo vocês pelo espaço disponibilizado, pois é uma oportunidade do público conhecer um pouco mais sobre nossa atividade musical, principalmente nesse momento da nossa história.

O segmento rock autoral independente/alternativo tem muitos altos e baixos, sonhos e quedas, mas também nos traz muita satisfação porque fazemos música com amor, paixão e o coração aberto. Queremos aprender mais a cada dia e entregar aos fãs e seguidores um conteúdo autêntico, com valor cultural e artístico, sem artificialismos ou truques de marketing.

Queremos muito que vocês sigam a Organoclorados nas redes sociais e plataformas digitais de música, inscrevam-se em nosso canal no YouTube.

Força sempre e boas energias direto da Bahia. Até a próxima!

@organoclorados

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Entrevista: Persevera

 

Bacana demais conhecer vocês da PERSEVERA. Fomos muito bem informados sobre vocês pela MS Metal Agency Brasil. Então fica aqui os nossos parabéns pela jornada. Como vão as coisas? O que vocês têm feito ultimamente?

 Eu que agradeço pelo espaço e pelo carinho, pessoal da Metal Maniacs! Tudo ótimo por aqui. Estamos em uma fase super produtiva: finalizando as gravações do segundo álbum em estúdio, ensaiando as músicas ao vivo pela primeira vez e já pensando no repertório dos shows. É um momento de muita energia, porque a gente sente que o trabalho está ganhando corpo de verdade. A parceria com a MS Metal Agency tem sido fundamental nesse processo — eles abriram portas importantes, especialmente com o lançamento físico de Genesis. Seguimos firmes, com foco total na música e no que ainda está por vir.

Conheci alguns álbuns de vocês, e confesso que amei o último. Este formato está nos planos novamente?

Com certeza! O formato de lançar single por single antes do álbum completo foi uma estratégia que deu super certo com Genesis. Além de manter a banda ativa nas redes e nas plataformas, criou uma expectativa natural pro lançamento final. Estamos repetindo exatamente isso com o segundo álbum: já soltamos dois singles, e vamos seguir liberando faixa por faixa até fechar o disco. Depois, vem o álbum completo em digital e, claro, uma nova tiragem física.

A letra inusitada de “A Waste of Time” ficou excelente. De quem partiu a ideia para registrar essa música? Parabéns pelo resultado...

Valeu mesmo! “A Waste of Time” nasceu de um riff que eu tinha guardado há anos no loop station — daqueles bem pesados, com uma pegada meio thrash. A letra veio depois, quase como um desabafo pessoal sobre como a gente às vezes se perde em ciclos repetitivos, em coisas que não levam a lugar nenhum. Foi uma das primeiras que escrevi pro álbum, e a ideia era justamente essa: contrastar uma letra mais reflexiva com uma base agressiva. O Paulo (vocal) deu um peso incrível na interpretação, e o Thadeu e o Claudio completaram com linhas que reforçaram essa sensação de urgência. Ficou uma das favoritas da galera — e nossa também.

“The Countdown” é autoral e bem madura em toda a sua estrutura. Como vocês a avaliam depois de tempos do seu lançamento?

“The Countdown” é uma das faixas que mais me deixou satisfeito pela maturidade estrutural. Depois do lançamento percebemos que a música tem um desenvolvimento sólido — dinâmica, variações de clima e uma construção que segura bem tanto a energia quanto a narrativa. Hoje eu a vejo como uma composição em que conseguimos equilibrar agressividade e melodia de forma madura; é uma das que mais representa o que a Persevera vinha buscando.

Vocês já definiram a possibilidade de abraçar o latim em passagens nas letras? Acho que vocês se dariam melhor no mercado internacional, desta forma, não?

Sobre usar latim em passagens: achamos a ideia interessante. Temos uma ligação com temas simbólicos e bíblicos (às vezes puxamos referências desse universo), então o latim pode trazer um peso e uma solenidade que combinam com certas músicas. Ainda assim, o inglês segue sendo a língua principal por facilitar o diálogo com o público internacional — mas não descartamos encaixes pontuais em latim quando a estética da faixa pedir.

Como funciona o trabalho de produção da banda quando está em estúdio? Vocês já estão trabalhando em algo novo neste sentido?

O processo é bem orgânico, mas estruturado. Tudo começa comigo trazendo os riffs e as ideias de guitarra — a maioria já gravada no loop station anos antes. Mando pro Claudio, que cria e grava a bateria. Depois eu vou pro estúdio (do próprio Claudio) e gravo as guitarras. O Thadeu entra com o baixo, geralmente improvisando em cima do que já tá pronto, e o Paulo fecha com os vocais. No segundo álbum, com a entrada do Luiz e do Leandro nas guitarras, o processo ficou ainda mais colaborativo: eles trazem solos, harmonias e até sugestões de arranjo. Estamos sim trabalhando em algo novo — aliás, já temos 8 das 12 faixas do segundo disco gravadas. A produção tá mais madura, com timbres mais definidos e uma atenção maior às dinâmicas.

“King of Kings” foi uma ótima surpresa. Vocês concordam que ela pode vir a se tornar uma música obrigatória nos shows da banda?

“King of Kings” tem tudo para virar uma obrigatória ao vivo — concordo plenamente. A faixa tem um gancho forte, dinâmica que conversa bem com plateia e elementos que funcionam muito bem em show. Quando começarmos efetivamente a tocar, acho que ela vai entrar no set como um dos pontos altos.

Eu também gostei bastante da faixa “My Curse”, mas ela se difere bastante das demais. Foi algo intencional ela ter esta estrutura tão própria?

Sim, totalmente intencional. “My Curse” foi composta num momento em que eu queria sair um pouco da zona de conforto do heavy tradicional. Ela tem uma introdução mais atmosférica, quase doom, e depois explode num riff bem thrash. A letra é sobre autossabotagem, sobre carregar um peso que a gente mesmo cria. Quisemos que ela tivesse essa dualidade: introspectiva no começo, agressiva no final. O Paulo usou uma interpretação mais sombria nos vocais, e o Thadeu colocou uma linha de baixo bem grave que dá um clima único. É uma das favoritas pra variar o set ao vivo — pra dar um respiro antes de voltar com tudo.

2025 ainda está rolando por aí. Quais os planos da PERSEVERA para este ano vigente?

Nosso foco principal em 2025 é seguir com as gravações do segundo álbum, que está em fase avançada e deve ser lançado em 2026. Vamos continuar liberando as faixas como singles para manter o público atualizado, e também pretendemos lançar mais uns dois vídeos de músicas desse novo trabalho. Além disso, 2025 é o ano de preparação: vamos intensificar os ensaios e montar o show para começar a levar as músicas para o palco, algo que estamos ansiosos para fazer.

Parabéns novamente pelo trabalho de vocês, caras. Existiu algum assunto importante que não foi citado aqui?

Acho que cobrimos bastante, mas queria deixar um recado: a Persevera é sobre acreditar, resistir e seguir em frente — e isso vale pra música e pra vida. Cada riff, cada letra, cada show que ainda vamos fazer carrega essa mensagem. Agradecemos demais ao apoio da MS Metal Agency, da imprensa como vocês e, principalmente, dos fãs que têm nos acompanhado desde o primeiro single. Tem muita coisa boa vindo por aí. Fiquem ligados nas redes, ouçam as músicas, e nos vemos na estrada. Um abraço pesado a todos da Metal Maniacs Media!

Entrevista - Organoclorados, a nova cara do Rock baiano rumo ao mercado europeu

  - Bacana demais conhecer vocês da ORGANOCLORADOS. Fomos muito bem informados sobre vocês pela MS Metal Agency Brasil. Então fica aqui os n...